• ASSEMBLEIA CELEBRA O DIA INTERNACIONAL DO AUTISMO

ASSEMBLEIA CELEBRA O DIA INTERNACIONAL DO AUTISMO

04 de maio de 2023 \\ Geral

A Assembleia Legislativa da Bahia realizou, nesta quinta-feira (4), uma sessão especial em homenagem ao Dia Internacional do Autismo, data criada em 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e celebrada anualmente todo dia 2 de abril. A iniciativa foi do deputado Júnior Nascimento (UB), político que, desde a época de vereador no município de Campo Formoso, abraçou a causa, buscando discutir os direitos das pessoas autistas e elaborar projetos que promovam o avanço das políticas públicas com relação ao Transtorno do Espectro Autista.


O parlamentar explicou que acompanha a dificuldade das famílias por todo a Bahia em conseguir consultas e tratamento para as pessoas com TEA e convocou associações, profissionais de saúde e órgãos da administração estadual para debater as necessidades e soluções. “Estarei protocolando e propondo na ALBA a instalação de uma Comissão Especial em Defesa dos Direitos das Pessoas com Autismo. Esta Casa tem feito a sua parte. Só em 2023, observamos os inúmeros projetos que abraçam esta bandeira, de política inclusiva. Hoje a gente planta essa semente e tenho certeza de que colheremos os frutos em breves dias”, garantiu o deputado.


A reunião foi marcada por fortes depoimentos de mães que vivenciam o dia a dia com os filhos autistas. Bastante emocionada, Jivane Matilde dos Anjos, presidente da Associação das Crianças Autistas de Senhor do Bonfim, fez um relato sobre os problemas que enfrentou para criar praticamente do zero a entidade que conta atualmente com mais de 600 mães no município. Para ela, é dever de toda a mãe lutar pelos direitos dos filhos dos autistas e por esta razão decidiu fundar a associação. “Quando eu venho para uma plenária, eu não ligo se estou falando bem, se estou chorando, eu quero passar minha mensagem, mostrando que o autista não fala, não socializa, precisa de um canto. Quero apenas que as pessoas compreendam e eu sei que esta Casa Legislativa é o lugar mais certo para fazer isso”, confessou a dirigente. Maíra Cavalcante é presidente da Associação Mães Autismo e coordenadora regional do Instituto Lagarta Vira Pupa. Também autista e estudante de neuropedagogia, Maíra ressaltou a importância do diagnóstico precoce que proporciona todo o acompanhamento com psicólogo, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo e outros profissionais, tornando possível o desenvolvimento necessário para vencer as etapas no setor da educação. “A gente não quer ser segregado em escola especial. Queremos estudar nas escolas regulares com toda a adaptação a que temos direito. Nossa luta é pela inclusão em todos os lugares da nossa sociedade”, pontuou.


Marizelma Gomes Lopes, presidente da Associação de Apoio às Pessoas com Autismo de Campo Formoso, revelou estar muito feliz em participar da sessão e agradeceu ao deputado Júnior Nascimento por cumprir a palavra em trazer a bandeira do autismo para o Parlamento baiano. Ela assegurou que as políticas públicas para as crianças, adolescentes e adultos com TEA são de alto custo e disse que os municípios não estão suportando a demanda. “Nós não temos hoje um dado de fechamento de diagnóstico de TEA. O número está tão crescente que se pegar uma planilha não tem como fechar, porque está faltando essa equipe multidisciplinar em várias regiões”, lamentou. Pós-graduada em Educação Inclusiva e Psicomotricidade, Marleide Nogueira é mãe de Igor, um autista adulto que teve o prognóstico de analfabetismo, com grau 2 de autismo. Ela pediu mais oportunidade para as pessoas com deficiência, “Todo ser humano tem potencial. Cremos que num futuro breve, uma sociedade mais evoluída vai entender e respeitar a beleza da diversidade. A deficiência não está na pessoa, está no ambiente que invalida a existência daquela pessoa e ´por consequência da família”, acentuou.


O deputado Penalva (PDT) parabenizou o proponente da sessão e considerou que as políticas públicas nacionais, estaduais e municipais devem ter uma sensibilidade maior com este tema, visando a inserção social das famílias, além de capacitar mais profissionais para o atendimento aos pacientes. A deputada Fabíola Mansur (PDT), também médica oftalmologista, lembrou que recentemente o Transtorno do Espectro Autista foi discutido em audiência pública na Comissão de Saúde e sempre estará na pauta do seu mandato.


A socialista entende que este transtorno vem aumentando ultimamente, já atingindo mais de dois milhões de pessoas no país, sendo preciso ampliar o acesso ao SUS, aos centros de referência, bem como melhorar o atendimento nos municípios. “Tenho certeza de que vamos ter políticas públicas para dialogar com os representantes das associações em muitas atividades que clamam pela intervenção da Assembleia e esse é o nosso papel”, apontou.


O vereador Anderson Ninho, líder do PDT na Câmara de Vereadores de Salvador, sugeriu aos deputados federais e estaduais que destinem emendas parlamentares para a cidade, com o objetivo de criar o Centro Municipal Especializado em Transtorno do Espectro Autista, um projeto de sua autoria. A oradora seguinte, a defensora pública Mônica Aragão, destacou o Projeto Estágio Especial, da Defensoria Pública, que contempla adolescentes com autismo. Satisfeita, informou que o programa recebeu a menção honrosa do Prêmio Innovare da Justiça em 2018.


O último a se pronunciar na sessão especial foi o secretário-geral adjunto e diretor de saúde da Caixa de Assistência dos Advogados da Bahia, René Martins Viana Filho. Ele elogiou o deputado Júnior Nascimento por debater a saúde pública, com dedicação e coragem. “A materialização das políticas públicas de saúde é ato preponderante para a garantia da segurança das famílias, sobretudo daquelas famílias que lutam pelo respeito e acolhimento, sem nenhum tipo de distinção”, concluiu o advogado.


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