• Advogada familiarista alerta, na Câmara, para drama de mulheres com câncer abandonadas pelo marido

Advogada familiarista alerta, na Câmara, para drama de mulheres com câncer abandonadas pelo marido

05 de dezembro de 2023 \\ Geral

Sete em cada 10. Essa é a  triste média no número de mulheres que são abandonadas pelos maridos ou  companheiros após receberem o diagnóstico de câncer de mama. Os dados, "alarmantes para um país democrático, fundado sob o trabalho das mulheres",   informados na Tribuna Livre da Câmara nesta terça-feira (5), pela advogada familiarista Jamille Santana, são da Sociedade Brasileira de Mastologia, relativas a este ano. Apontam que uma mulher, após constatada  a doença, tem 70% de chance de ser vítima da negligência. A atitude desses parceiros expõe a mulher  enfrentar todo tratamento oncológico, cirurgias, químio e radioterapia, hormonioterapia entre outros tratamentos, que cuidar dos filhos, sustentar a casa, trabalhar com mal estar, vômitos, diarreia e ainda ganhar dinheiro para quitar as dívidas deixadas pelo companheiro, frisou a advogada.

Sem contar, ela acrescenta, o turbilhão de emoções como medo, angústia, incertezas. "Ademais, há uma conformação cultural colocada para nós, mulheres, que é o papel de esposa. A mulher tem que estar num papel de responsabilidade afetiva, mas não pode, jamais, demandar. Todos nós temos a consciência que receber a notícia de que estar com câncer não será fácil e que a vivência com esta condição afeta a família, os amigos e os colegas de trabalho", disse ela, ao avaliar que "esta é uma forma das mais cruéis de violência contra uma companheira a quem se jurou estar junto na saúde e na doença".

Agradecida pela cessão do espaço, Jamille disse que  é "de extrema importância esta tribuna, para as mulheres, sobretudo, quando, pela primeira vez na história essa Casa é presidida por uma de nós".  Segundo ela, seu objetivo é contribuir com a mudança desse cenário em Feira de Santana, e, também, para que seja possível analisar e mostrar como o país está vivendo a situação. A presidente  Eremita Mota (PSDB), se comprometeu a realizar uma audiência pública na Casa para debater o tema em nível municipal.

A advogada disse que o cuidado que as mulheres promovem "na, e para a sociedade",  representaria, se essas atividades fossem consideradas no cálculo que estima a geração de renda no país, cerca de 11% do PIB: "É inegável que a economia do cuidado é essencial para a humanidade. Todos nós precisamos de cuidados para existir. E, se hoje você é uma pessoa adulta, é porque alguém já desempenhou horas de trabalho de cuidado com alimentação, vacina, remédios, limpeza e higiene, educação, entre diversas outras funções por horas, como bem pontuam as organizações que estudam essa temática".

Como soluções de políticas públicas, a advogada sugeriu a adoção de políticas de acolhimento e oferta de serviços multidisciplinares para  mulheres que são abandonadas,  seus familiares e acompanhantes, nas unidades de tratamento de saúde municipais, convocando profissionais de Medicina, Enfermagem, Assistência Social e Psicologia a desenvolverem atendimento humanizado e esclarecedor. Também, que as casas de acolhimento que recebem mulheres que sofreram violência doméstica e familiar possam abranger  o abandono afetivo e financeiro.


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