• Com isolamento social, mulheres são expostas a 'violências típicas da pandemia'

Com isolamento social, mulheres são expostas a 'violências típicas da pandemia'

30 de junho de 2020 \\ Geral

Com a pandemia e as recomendações para o isolamento social a fim de conter a disseminação do coronavírus, mulheres em relacionamentos violentos ficaram ainda mais expostas às violências. Reportagem do portal Uol traz uma série de relatos sobre novas formas de violência e abusos sofridos por mulheres durante a pandemia. Os episódios incluem de envenenamento de máscaras a agressões por causa de lives. 

O Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos apontou que a quantidade de denúncias recebidas nos quatro primeiros meses de 2020 foi 14% maior em comparação com o mesmo período de 2019.

A advogada Gabriela Souza, do escritório Advocacia para Mulheres de Porto Alegre, disse à reportagem que recebou relatos de agressor que impede a mulher de usar máscara, que usa o álcool em gel para colocar fogo na casa, que agride a mulher após ser contestado por ter saído de casa e exposto o resto da família, e outras situações.

"É o que podemos chamar de violências típicas da pandemia", classificou a advogada. 

Um dos relatos que ela considera mais chocante aconteceu em 22 de junho, em Presidente Prudente, interior de São Paulo. Um homem de 55 anos ensopou as máscaras da ex-mulher com veneno para matar insetos. A vítima, que já contava com medida protetiva para que o agressor não se aproximasse, o denunciou e o homem foi preso.

Em outro episódio citado na reportagem, a advogada Gabriela Souza conta sobre uma mulher que apanhou do marido porque ela queria assistir uma transmissão ao vivo e ele não deixou. "Ela queria ver o DJ Alok. O homem surtou, disse que ela não iria ver, que a casa dele não era cabaré e bateu nela", contou a advogada. 

A fundadora da ONG Nós Mulheres, a economista Caroline Moraes, também afirma estar recebendo pedidos de ajuda de mulheres que passaram por agressões envolvendo itens usados na pandemia. A entidade atende vítimas de violência doméstica na região da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. 

Em relato à reportagem do Uol, Caroline conta que em um dos casos, uma mulher teve a máscara arrancada pelo marido para impedir que ela fosse à feira. "Ela conta que ele puxou com tanta força que o elástico da orelha estourou. Ele já era violento, mas o momento faz aflorar novas formas de agressão. Também porque ela é a provedora da casa", disse Caroline. 

"A pessoa a quem ela poderia recorrer é a mãe, mas a mãe faz parte do grupo de risco. Então estamos dando ajuda psicológica para que a vítima consiga atravessar esse momento e, depois, se livrar do agressor", completou a fundadora da Nós Mulheres.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
Geral.