• FEIRA EM HISTÓRIA: Uma mulher especial

FEIRA EM HISTÓRIA: Uma mulher especial

01 de abril de 2019 \\ Geral

No seu disputado livro A Feira na Década de 30, o decano historiador Antônio do Lajedinho relembra seu ingresso na Escola Normal em 1939. Com o título “Uma Mulher Especial” ele lembra seus colegas, entre eles Analdina, filha de Leolindo Silva (Lili) e Dona Maria Silva (Maria de Lili). Vale a pena lembrar (Adilson Simas):

- Em 1939, depois de passar pelas escolas particulares de D. Neném, Professora Edith M. Boaventura, Margarida Brito e Emengarda Oliveira, submeti-me ao exame de suficiência e fui aprovado para ingressar na Escola Normal Rural de Feira de Santana.

Dos colegas de turma recordo-me Boanergens Santos, Divaldo Franco, Valdir Pomponet, Eurico Pinto, Antônio Pereira, Aloísio Cerqueira, Wagner Mascarenhas, Elza Macedo, Cibele Almeida, Maria Éster Portugal, Niá Guimarães, Dalva e Abgail Moreira, Percília Dórea, Tereza, Ivete, Margarida, Faraildes, Aidil, Carmosina e mais outras quarenta colegas, além de outros já em fase de professorandos como Arlindo Pitombo, Antônio Barreto, Itan Guimarães, etc. 

Naquele ano entre os colegas de turma estava Analdina, a mulher que nasceu na década de 20 com o espírito de mulher do ano 2.000. Filha de Leolindo Silva (Lili) e Dona Maria Silva (Maria de Lili), irmã dos meus amigos Osvaldo e Evilásio, família de classe média alta, Analdita agia como age hoje uma universitária: mantinha amizade com colegas de ambos os sexos, discutia assuntos políticos, montava a cavalo com calça de homem e era espirituosa e criativa.

Uma vez, durante uma prova de língua francesa, o professor, Padre Mário Pessoa, flagrou Analdina com uma pesca enrolada na meia que vinha acima do joelho. Com sua voz macia, porem firme o Padre Mário pediu – D. Analdina, devolva-me a pesca que está em sua meia. Mas Analdina contestou – Não há pesca nenhuma em minha meia e se o senhor acha que tem pode vir tira-la.

Embora todos sorrissem do desafio, o Padre Mário aproximou-se, mentalizou a localização da pesca, virou o rosto, levantou um pouquinho a ponta da saia e pegou a pesca na dobra da meia. Enquanto todos voltavam a sorrir o Padre Mário mostrava a pesca como sinal do dever cumprido. Era um bonachão e deixou-a prosseguir na prova.

Analdina deixou a Escola Normal no ano seguinte e em Salvador adquiriu um Taxi, sendo talvez a primeira taxista na Capital. Depois encontrei com Analdina em Salvador dirigindo um ônibus, que certamente também lhe conferiu a posição de primeira motorista de coletivo.

Analdina era muito brincalhona e estava constantemente se metendo em encrencas, o que levava seu pai a castiga-la, principalmente cortando-lhe a mesada.

Mas um dia, segundo me contou seu irmão Osvaldo, Analdina acordou cedo e foi à cozinha e, por acaso, flagrou seu pai beijando a empregada.

Surpresa, exclamou: “Pa-pai!”

O velho assustado perguntou:

“Esta não é a tua mãe, não?!”

E arrematou:

“Eu sem óculos não sou ninguém!!!”

Daquele dia em diante a mesada de Analdina teve uma estabilidade maravilhosa.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
Geral.