• Técnico do Figueirense expõe crise, detona diretoria e diz que time pode não jogar contra o Vitória

Técnico do Figueirense expõe crise, detona diretoria e diz que time pode não jogar contra o Vitória

28 de julho de 2019 \\ Esportes

eirense empatou em 1 a 1 com o Criciúma neste sábado (27), pela 12ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro. O técnico Hemerson Maria pouco falou sobre a partida na entrevista coletiva depois do apito final. Na entrevista coletiva, o técnico do Figueira falou sobre a crise por qual passa o clube. Em novo desabafo, o treinador relatou situações que atrapalham a rotina dos atletas, promessas não cumpridas pelos dirigentes e fez um alerta. O Alvinegro pode não entrar em campo às 19h15 de terça-feira (30) para enfrentar o Vitória no Orlando Scarpelli.

De acordo com o treinador, o grupo sente-se desrespeitado com promessas e sensação de abandono. Havia a expectativa do pagamento de salários na última sexta-feira, o que não aconteceu. Esse é um dos motivos dos jogadores se negarem a treinar neste domingo. Conforme Hemerson Maria, a paralisação pode chegar ao jogo de terça-feira.

"Estamos fazendo o futebol com pessoas acima de média, pois me ajudam a controlar o grupo. Não é só o atraso de pagamento, tem que acontecer o respeito. Não apresentamos um futebol brilhante (contra o Criciúma), mas não faltou luta e entrega. Poderíamos estar no G4 mesmo com todas essas dificuldade. Imagina então se tivesse o apoio que os atletas merecem. Os atletas já falaram que não vão treinar amanhã (domingo) e corre risco do Figueirense não entrar em campo na terça-feira. Parece que estamos blefando, e houve situação mas já olhamos qual a pena para o clube. É um grupo de homens honrados, uma espinha-dorsal inteligente. Aqui não tem quem pense no dinheiro, em si, pensamos na coletividade. Tem profissionais humildes que estão passando dificuldades, meninos da base sem receber a ajuda de custo. O patrimônio está sendo deteriorado: campos com qualidade ruins, redes furadas e funcionários tristes. Eu me segurei muitas vezes. É uma via de mão única. Estamos dando muito, e queremos respeito e carinho, e isso não acontece", falou.

Além da falta de pagamento, jogadores e comissão técnica estão incomodados com a última movimentação do clube nos bastidores. Antônio Lopes foi contratado para trabalhar como diretor de futebol. O profissional não foi apresentado aos atletas na véspera do confronto com o Criciúma e levantou outra dúvida no grupo, por se tratar de uma contratação em um momento em que os salários não são quitados.

"Ontem (sexta) eu acalmei os jogadores, pois corria o risco do Figueirense não estar em campo (contra o Criciúma). Houve uma promessa para 50 pessoas na sala, mas para mim não houve nenhuma consulta. Uso o exemplo do Sampaoli. O Antônio Lopes tem uma história no futebol e agregaria muito ao clube, mas o presidente de futebol e o treinador têm que estar alinhados. Quando tive o conhecimento o profissional estava contratado. Vamos recebê-lo bem. Os comandantes do clube têm esse direito, mas por respeito deveria ser consultado. Não que isso mudaria a vinda do mestre Antônio Lopes. Eu fui comunicado por mensagem de áudio via whatsapp, dizendo que me explicaria na sexta. Como que se contrata estando com salários em atraso, dois (meses) de imagem e um (mês) de carteira? No futebol pode ser normal, mas ali há situações delicadas. Faltou ônibus para levar os atletas da base do CFT. Faria um trabalho 10 contra 10, mas os meninos não chegaram. Nós, do profissional, mandamos Uber buscar os meninos para o treino. Eu até exponho o clube ao rídiculo, mas isso acontece", descreveu Hemerson Maria.

Ao final da coletiva, emocionado, o treinador que é torcedor do clube, tentou ser jogador de futebol e começou a carreira como técnico ainda na base, falou:

"Deus me colocou no Figueirense e ele vai saber o momento certo de me tirar".

Outras falas de Hemerson Maria durante a coletiva:

Abandono

“Os jogadores estão tendo caráter, assim como os funcionários. Estamos lutando. Nossa torcida veio e nos apoiou. Mas volto a dizer, até pelo meu semblante, que o clube vive um abandono. Conselho Fiscal não existe. Não pode ver o que estamos passando e fazer vistas grossas”

Respeito

“Quero deixar reforçado: independente do resultado aqui, não faltaria entrega. Mas tem que dar um basta. Daqui a pouco os resultados não virão e os atletas serão cobrados. É um grupo unido e que merece respeito”

Família

“Amanhã (domingo) não vai ter o treino. O nível de irritação já passou do limite. Ninguém tem mais paciência. Quando passamos dificuldade no futebol há o respeito. Mas falta o olho no olho. O Figueirense é um clube desunido, em várias áreas. Depois da minha entrevista recebi ligações de conselheiros, grupos pediram para conversar comigo. Mas eu não vou. É só eles irem até o CFT para conferir. Atletas estão recebendo propostas, mas ficam porque formamos uma família. A gente não se importa com si próprio. Não queremos o dinheiro, o salário, mas respeito com os atletas que vestem essa camisa”

Promessas

“Temos condições de brigar pelo acesso. Quando estamos perto do G-4 acontece esse problema. Aconteceu na semana passada sem treino por dois dias. Isso atrapalha, tira o nível de concentração. O papo no café e no almoço era só esse, quando será o pagamento, pois criou-se a expectativa. E isso vai enchendo o saco, pois o papo não é mais o jogo. Atrapalha na preparação. Jamais passei por isso na minha carreira”

Torcedores anestesiado

“Já tive uma pequena dificuldade no Avaí, atraso, mas sempre tinha o diálogo com o (presidente João Nilson) Zunino e o Julio Rondinelli (gerente de futebol), o canal era aberto com a diretoria. Eu queria falar sobre o jogo, mas a gente vê que o torcedor está anestesiado. Não pode. Temos que lotar o Scarpelli, mas não conseguimos colocar mais de cinco mil em casa. E tinha que estar lotado. O torcedor me ouve e não vai porque eu tiro o público, mas eles precisam saber a realidade. Os jogadores têm conta para pagar, o lazer com a família, mas não têm essa condição. A nossa folha é a mais baixa da Série B”

Vergonha

“Eu me sinto envergonhado, pois não tenho uma situação definitiva. Agora não foi pago por conta de bloqueio. Mas foi prometido que seria pago mesmo com bloqueio. Foi como disse, Deus me colocou no Figueirense e ele vai saber o momento certo de me tirar”. Fonte: BN

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