MEDO DE FÉRIAS

19 de janeiro de 2015 \\ O Bispo

No mundo globalizado, de responsabilidades em excesso, alta competitividade e falta de emprego, tirar férias está ficando cada vez mais difícil. O motivo está ligado a uma pressão silenciosa da sociedade sobre o trabalhador, e acompanha grande parte das pessoas no momento de usufruir as férias. É o medo de férias. É a fobia de férias.
 
A SITUAÇÃO é drástica. Enquanto a tendência de medo de férias se confirma pelo mundo afora, estudos mostram cada vez mais a importância do descanso e o perigo de enfrentar longas jornadas de trabalho sem uma pausa. Além de promover a saúde e o bem-estar geral do trabalhador, está provado que após as férias, ele produz mais.
 
OUTRO PONTO positivo é que, descansada, a pessoa tem uma considerável melhora em seu relacionamento com a família e os amigos. As férias  são de fundamental importância para o equilíbrio do organismo. E esse equilíbrio, além de prevenir doenças, fornece condições para que o profissional produza mais na volta ao trabalho.
 
O IDEAL, é que a pessoa consiga dois períodos de folga durante o ano, preferencialmente um no primeiro semestre e outro no segundo, como são as férias escolares. Mas, não adiante a pessoa tirar uns dias de folga e se sentir como se estivesse cometendo uma infração e ter medo de perder o emprego.
 
COMPLICA-SE, ainda mais quando a pessoa não consegue desligar-se do mundo do trabalho e das preocupações. E atualmente a terrível maquininha do celular alcança as pessoas em qualquer lugar. E quem tem coragem de desligá-lo? Quem viveu décadas sem ele, já não vive umas férias sem que a cada momento ele soe rompendo o silêncio e a tranqüilidade.
 
AS PESSOAS devem, também, adotar práticas mais saudáveis em sua rotina, principalmente, em termos de alimentação e de esportes. É importante ter um hobby, fazer algo realmente prazeroso. É necessário ter uma visão mais ampla da existência humana, que não pode ser vista como um mero tempo para o trabalho e a produtividade. A família, os amigos, a Igreja, a natureza, o lazer, o esporte... São valores indispensáveis ao ser humano. Por isso, merecem o nosso tempo.
 
O SILÊNCIO, seja interior ou exterior, é outro valor a ser cultivado nas férias. Na verdade, somente em silêncio podemos ouvir a voz de nossa consciência e as férias podem nos ajudar no encontro conosco, com os outros, com a natureza e com Deus. 
 
 
Itamar Vian
Arcebispo Metropolitano