FESTA DA MICARETA

28 de abril de 2014 \\ O Bispo

Muitas pessoas desejam, em nossos dias, transformar esta vida, tão sofrida em uma vida alegre. Querem ter um espaço de liberdade onde os preconceitos raciais, culturais, sociais e até mesmo religiosos, sejam deixados de lado. Aspiram ter um espaço para dança, recreação e cultivo de amizades.
 
APESAR da violência, do desemprego, da fome, das doenças e da morte, a vida é uma festa. Isto significa encarar tudo com amizade, solidariedade, coragem, otimismo, esperança e fé. Devemos ser profetas da esperança e não da crítica pessimista que procura abafar iniciativas muito benéficas para a comunidade. O papa Francisco afirma que não devemos ter cara de quaresma e sim de pessoas ressuscitadas com Cristo.
 
ALEGRIA e responsabilidade constituem atitudes profundas da pessoa humana. A micareta, deveria trazer para todos momentos de descanso, de fraternidade e de alegria. Mas é, igualmente, a responsabilidade que deve ser levada em conta, pois nos obriga a examinar as condições para que esta alegria seja duradoura e extensiva a todos.
 
O QUE VOCE vê nos dias de micareta? Eu já vi uma jovem feliz pular na micareta e três meses depois chorar de arrependimento pelo filho que não queria e vi outra jovem passar três dias de descanso e convivência com seus familiares e amigos. Vi um pai gastar R$ 500,00 e negar comida a seus filhos e vi outro trabalhar, normalmente, nos mesmos dias de micareta, e garantir remédios para sua mãe velhinha. Eu vi o álcool  e outras drogas levar uma porção de gente triste para o hospital e  vi rostos sorrindo porque estão em paz consigo mesmo, com a família e com Deus.
 
A MICARETA, portanto pode ser aproveitada como um tempo de festa e de alegria, sem exageros, sem abusos e sem dor de cabeça no dia seguinte. Qualquer um pode se alimentar bem, dançar, pular, gritar, mas sabendo que no dia seguinte a vida continua. Saúde jogada fora é vida a menos. Pior ainda, quando ela não volta mais.
 
A ALEGRIA faz bem para todos. O que se sugere é não abdicar da própria dignidade e responsabilidade. Não achar que a natureza pode ser enganada. Ela é exigente e se vinga contra os que a desrespeitam. O que será de muitas pessoas após a micareta, quando as fantasias forem jogadas fora? São Paulo recomenda: “O Senhor espera de cada um, uma conduta digna de quem é templo do Espírito Santo” (I Cor. 6,19).
 
Itamar Vian
 
Arcebispo Metropolitano