TRÊS PERGUNTAS

19 de novembro de 2013 \\ O Bispo

Um dia o amor explodiu no coração de dois jovens. Encantamento, sonhos, carícias, promessas foram construindo uma caminhada luminosa que chegou até o altar. E diante de Deus, da família e dos amigos, eles deram um ao outro um sim com ressonâncias de eternidade. A festa e a alegria continuaram nos primeiros anos. Depois chegou a rotina e o egoísmo foi assumindo o comando e um silêncio cada vez maior.
 
CERTO DIA, por um pequeno problema, ele explodiu: “Se, ao menos, você soubesse quanto a odeio!”. A frase golpeou fundo o coração da esposa. Depois de uns instantes, ela sorriu e disse: “Se ao menos, você soubesse quanto o amo!” Houve um instante de silêncio, depois lágrimas purificadoras, um abraço e o compromisso de continuar amando
 
NEM SEMPRE os noivos se dão conta que o casamento é realizado no céu, mas é vivido na terra. Nem sempre se dão conta que o amor não é um momento, mas uma caminhada. E, por isso, o amor deve recomeçar todos os dais, com a mesma ternura do primeiro olhar. Tudo o que não recomeça, morre. O casal precisa casar todos os dias.
 
COMO as estações do ano, o amor passa por diferentes estágios, com direito às flores e ao gelo. A rotina não pode ser guiada pelo fatalismo, que tem como conclusão: não deu! A rota do desastre pode ser alterada. Existem três perguntas que ajudam os casais a retomar o primeiro amor.
 
A PRIMEIRA, com resposta individual: será que não estou pensando muito em mim mesmo? Pensar apenas em si é egoísmo, pensar no outro é amor. Casar não é, em primeiro lugar, querer ser feliz, mas fazer feliz o outro. A segunda pergunta: será que não estamos falando pouco? Namoro e noivado são tempos de confidências intermináveis. Porque existe um grande amor, tudo é partilhado. Depois do casamento, o diálogo diminui e, por vezes, é substituído  por um silêncio indiferente ou agressivo. A palavra tem valor medicinal. Muitas crises são superadas pelo simples fato de serem comunicadas, partilhadas, entendidas, explicadas.
 
O CASAMENTO  é uma arquitetura humana e divina e daí deriva a terceira pergunta: será que não estamos falando pouco com Deus? A oração convida a sair de si e buscar a força do alto. É uma energia incrível que ajuda a superar as debilidades. A oração, sobretudo a oração justa, realiza maravilhas, possibilita recomeçar e lembrar que é inteligente não separar o que Deus uniu.
 
Itamar Vian
Arcebispo Metropolitano