SÃO JOÃO E A POLÍTICA

25 de junho de 2012 \\ O Bispo

No dia 24 de junho  festejamos, com exuberância  de folclore, a festa de São João Batista. É bom ter motivos de alegria, sobretudo os que brotam de longa tradição, como é o caso dos festejos juninos. A alegria dos simples encontra o seu fundamento no Evangelho: “seu nascimento será alegria para todo o povo” (Lc 1,14).

A BÍBLIA afirma que João se retirou ao deserto, mas não para se alienar, ao contrário para ter mais autoridade de fazer os questionamentos que se faziam necessários. Muitos pedem que a Igreja se afaste da política. Há um distanciamento que lhe confere mais autoridade para a palavra que ela tem a dar. Esta será tanto mais vigorosa quanto mais coincidir com as urgências éticas que precisam ser feitas hoje para a toda a sociedade, como foi o projeto “Ficha Limpa”.

JOÃO PAGOU com a vida a denúncia corajosa dos desmandos de sua época. Com o vigor de sua autenticidade advertia a todos, alertando para a urgência da mudança de mentalidade e de posturas éticas. Ninguém ficava fora de suas admoestações.

FOI O CONFRONTO com autoridades políticas que levou João Batista ao testemunho radical de sua vida. Diante de Herodes, não teve medo de interpelar sua conduta. Com o dedo em riste, teve a coragem de lhe dizer com clareza: “Não te é lícito!” Assim, colocava com clareza o pressuposto ético, de que a política também precisa ter parâmetros que lhe definem a legitimidade e critérios que lhe apontam os procedimentos. O poder, por sua natureza, mais que qualquer outra situação humana, precisa de balizamento ético.

HOMEM de coragem, João Batista – o maior de todos os profetas – dizia aos cobradores de impostos “Não cobrem nada além da taxa estabelecida”. A outros que perguntavam. “E nós o que devemos fazer?” João respondia: “Não maltratem a ninguém, não façam acusações falsas, quem tiver comida, dê a quem não tem”. Foi preso e morto porque teve coragem de chamar a atenção do rei Herodes que vivia amasiado com a esposa de seu irmão, uma mulher adúltera, corrupta e corruptora (Mt 14,12).

UMA FOGUEIRA deu a grande notícia do nascimento de João. No Brasil, é necessário acender fogueiras de  ética, coragem e esperança. São necessários muitos “João” para que nosso País tenha mais honestidade na vida política. Você pode ser um deles. Deus e nos brasileiros esperamos por políticos e eleitores profetas para a construção de um Brasil melhor.

+ Itamar Vian
Arcebispo Metropolitano
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