OS DOIS NAMORADOS

19 de junho de 2012 \\ O Bispo

Dois namorados – Gustavo e Jocelane – aguardavam o padre na secretaria paroquial. Assunto: casamento. Gostariam que o sacerdote presidisse seu casamento. Tomando a agenda, o padre agendou dia e hora da cerimônia. Explicaram que pretendiam um casamento simples, sem festas. Eles namoravam há cinco anos e sabiam o que queriam. Estavam preocupados com aquilo que o casamento tem de sagrado e não com as exterioridades.

ALGUMAS semanas depois, numa pequena capela disseram o Sim, um ao outro e ambos a Deus. Na lista dos convidados apenas o padre, os pais, dois casais de padrinhos, alguns amigos e parentes. Passaram-se anos, a cegonha chegou e continuam cada vez mais felizes. Eles haviam construído sua casa sobre a rocha.

NA MESMA igreja, alguns dias após, outros dois jovens receberam o sacramento do matrimônio. Foi o casamento do ano. A igreja estava enfeitada com rosas e tulipas. Mais de 600 pessoas haviam sido convidadas para assistir ao espetáculo. Muitos fotógrafos, cinegrafistas, jornalistas e curiosos. Deslumbrados, os noivos não prestaram atenção à leitura do Evangelho que falava da casa construída sobre a areia. Depois houve uma grande festa  e lua de mel em Arruba. Passaram-se apenas alguns anos e eles se separaram.

O INSUSPEITO jornalista Stephen Kanitz afirma: o casamento é um momento de consagração de duas pessoas, de promessas que deverão ser lembradas e guardadas todo o dia e para sempre, não arquivadas numa fita magnética na última gaveta do armário menos acessível. O altar não é um lugar para ficar posando para fotógrafos, mas para refletir o que cada um está prometendo ao outro. A lembrança deste momento deverá ficar registrada, mas na mente e no coração e não somente em fotografias e fitas magnéticas.

CASAMENTO é um projeto a dois, construído com toda a paciência. Neste projeto, duas individualidades pretendem construir uma só. Tudo deve ser avaliado e previsto: onde morar, que tipo de relacionamento, quantos filhos... É uma obra de arte, tendo em vista a fragilidade do ser humano.

O EVANGELHO pede que se construa a casa sobre a rocha e não sobre a areia. O tempo de namoro e de noivado é um tempo sagrado. É tempo de conhecer e deixar-se conhecer. É tempo de avaliar e deixar-se avaliar. Quando o namoro for responsável, a vida a dois será uma história de amor. Mais do que querer a pessoa certa, o candidato precisa ser a pessoa certa. Que Deus abençoe todos os namorados!


+ Itamar Vian
Arcebispo Metropolitano
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