O PODER DO PERDÃO

11 de março de 2012 \\ O Bispo

Está sendo lançado nos Estados Unidos um livro que chama atenção de todos. O Poder do Perdão. Trata-se de um livro de quase 300 páginas contendo relatos dramáticos de situações conflitantes. Seu autor é Frederic Luskin, um psicólogo americano de 48 anos, que viveu algumas experiências difíceis no dia a dia de sua existência.

POR ALGUNS ano, Luskin viveu na Irlanda do Norte, onde católicos e protestantes se defrontam há séculos em brigas e atos de violência até à morte. Diante de mães que tinham perdido seus filhos nestes confrontos ele dizia: perdoar é o melhor remédio para o sofrimento.

REUNIU algumas destas experiências no livro e criou o Projeto Perdão da Universidade de Stanford nos Estados Unidos. O livro é um poderoso instrumento de apoio ao seu projeto. Ele quer mostrar a importância do perdão para o bem estar físico, mental e espiritual das pessoas.

RESISTIR ao perdão faz mal. O principal mal de não perdoar é ficar distante das coisas boas da vida. Se focamos quem nos feriu, deixamos de valorizar quem nos pode amar. Isso traz implicações até para a saúde física  e psicológica, já que prolongamos um período  de sofrimento e deixamos de lado o bem que podemos receber dos outros.

NÃO PERDOAR faz com que nos sintamos desamparados, desprotegidos, desencadeando situações de estresse que prejudicam nosso organismo. Quem não perdoa fica com raiva, ódio e começa arquitetar atos de vingança. Não é possível passar um longo período da vida com ódio sem adoecer.  Se a raiva não for eliminada, ela se transforma em hábito, aliás, um hábito nada recomendável para quem quer sentir o sabor de viver feliz. O caminho para sair dessa situação é um só: o perdão.

O POVO garante: é falando que a gente se entende. O diálogo é o melhor meio de entendimento. Às vezes é o único. Dialogar não significa gritar, nem pode ser uma conversa de surdos, onde todos falam e ninguém escuta. Dialogar é aproximar os corações e ouvir o que o outro quer dizer. Dialogo supõe a capacidade de pedir e dar o perdão.

NO ALTO da cruz, Jesus pediu ao Pai pelos seus algozes, porque não sabiam o que estavam fazendo (Lc 23,34). Discípulo fiel do Mestre, Francisco de Assis quis ser instrumento da paz do Senhor e tinha como meta “onde há ódio que eu leve o amor”. Pode ser difícil, mas é o caminho. São João da Cruz deixou uma regra de ouro: Onde não há amor, plante amor e um dia nascerá o amor”.


+ Itamar Vian
Arcebispo Metropolitano
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