HORÁRIO DE DEUS

17 de outubro de 2011 \\ O Bispo

Na noite do dia 15 para 16 de outubro, uma hora de nossa vida, uma hora fictícia, que consta apenas no relógio será confiscada. É o Horário de Verão para alguns. Para outros, o Horário de Deus, que não deveria ser mudado pelos homens.

O HORÁRIO de verão, dizem os técnicos, evita que os picos de consumo de energia se agrupem num único horário. Significaria, portanto, economia energética. De qualquer forma, uma realidade pouco mensurável. Nós nordestinos imaginamos que o horário de verão facilita a vida dos sulistas; eles imaginam o contrário: é bom para o Nordeste.


O HORÁRIO de verão foi implantado pela primeira vez, no Brasil, em 1931 e a partir de 1985 tem acontecido anualmente, embora o início e o término mudem a cada ano. Tudo indica que continuará no futuro. Mas existe um pequeno grupo que desconhece esta mudança, não mexe no relógio e continua seguindo o Horário de Deus. Evidentemente, este luxo só é permitido para os que não dependem do cartão ponto de viagens de avião, ônibus...

A MUDANÇA de horário possibilita algumas oportunas reflexões. Na realidade, todo o tempo é um precioso presente que Deus nos concede. Dividimos o tempo em minutos, horas, semanas, meses, anos, séculos e milênios. Também o situamos em relação a nós mesmos: passado, presente, futuro. O passado está fora do nosso alcance, o futuro é apenas uma possibilidade. Nosso, realmente, é o frágil momento presente. Prudentemente, a cada aniversário, proclamamos: um ano a mais. Tentamos esquecer que é um ano a menos.

O TEMPO é igual para todos. A diferença situa-se no modo como ocupamos nosso tempo. Por vezes, admitimos que estamos deixando o tempo passar, ou mesmo, o desperdiçamos. O minuto passa rapidamente e não damos a ele a atenção devida. Imaginamos que temos muito tempo e agimos como se ele não acabasse nunca. Um dia é feito de minutos, assim como um século.

NAS PARTIDAS de  futebol, o juiz costuma dar alguns breves minutos de prorrogação. E os atletas reclamam que este tempo deveria ser maior. Passaram toda a partida displicentes e imaginam recuperar, em dois minutos, o que não fizeram em 90. Uma ou outra vez isto acontece, mas a lógica e o bom senso desaconselham esperar pela prorrogação. Já na vida não existe prorrogação. Não vamos ter uma hora a mais invocando confusos pontos de vista. A hora mais importante da vida – quem sabe o minuto mais importante – é agora.

 +Itamar Vian
Arcebispo Metropolitano
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