Morrer de mãos vazias

11 de novembro de 2019 \\ O Bispo

Alexandre da Macedônia é considerado o maior gênio da antiguidade. A história deu-lhe o título de: O Grande. Um dos seus sonhos era conquistar Roma, a capital do mundo. Suas tropas chegaram até a Índia, mas, fatigadas, pediram para retornar. Uma febre misteriosa atacou o rei, nas proximidades de Babilônia. De nada valeram os esforços médicos morreu aos 33 anos.

POUCO antes de morrer, reuniu generais e grandes da Corte e ditou três determinações para o funeral: Queria que o caixão fosse carregado pelos seus médicos para mostrar que eles não têm poder sobre a vida e a morte. Que o chão fosse coberto pelos seus tesouros, para que todos vissem que os bens materiais aqui conquistados, aqui permanecem. Por fim, que suas mãos balançassem fora do ataúde, para que todos pudessem ver que de mãos vazias nascemos e de mãos vazias partimos.

A VIDA é uma grande escola, a maior de todas as universidades. O aprendizado não é igual. Há os reprovados, que morrem sem nada ter aprendido, mesmo tendo inúmeros diplomas. O contrário também acontece: a sabedoria pode vir desacompanhada dos diplomas. Tudo, na vida, se torna fácil, depois de ter sido difícil.

APRENDER a caminhar exige grande esforço. Depois aparecem outros desafios: falar, ler, escrever corretamente, assumir uma vocação, ter uma profissão... Aos poucos vai surgindo o juízo crítico, que distingue o certo do errado, o importante do secundário, o bem e o mal. É a capacidade de julgar com sabedoria. Existe ainda a dimensão profissional, a opção de partilhar e viver em sociedade.

MAIS TARDE, chega o período em que se começa o balanço da vida, somando e subtraindo sonhos, decepções, enganos, resultados, necessidade de recomeçar em outras bases. É, também, muito importante aprender a envelhecer. Isso significa conhecer os novos limites e saber respeitá-los. Finalmente, surge a lição mais importante: aprender a morrer. Morre-se bem quando vive-se fazendo o bem.

ALEXANDRE aprendeu a arte militar, mas também, a arte de viver e morrer. São Francisco de Assis, é o santo da Irmã Morte, porque aprendeu a viver e a morrer. Em seu leito de morte, aos 44 anos, recomendou aos seus frades e a si mesmo: “Irmãos, comecemos hoje, porque até agora pouco fizemos”. Ele morreu de mãos vazias, pois nada tinha de seu, mas com um coração repleto de boas obras.