Agora sou “avô”

30 de novembro de 2015 \\ O Bispo

Agora sou “avô”

A sociedade estabelece limites de idade para o exercício de determinados cargos. Segue as indicações da natureza que tem, na família, o ideal de vida. Quando os filhos atingem a maioridade adquirem, também, autonomia frente aos pais. Conseqüentemente estes dão  por cumprida sua missão.

DEPOIS que os filhos se tornam autônomos em relação aos pais, numa espécie de gratidão e homenagem, proporcionam-lhes netos, promovendo-os a avós. Não se sabe quem mais se alegra com o nascimento de uma criança: se os pais ou os avós. Mas em dimensões diferentes.

NOS REGIMES  democráticos os períodos de governo costumam ser breves: em torno de quatro anos, podendo ser renovados. A compulsória para a aposentadoria, ao invés, segue a idade cronológica: para algumas categorias 65 para outras 70 ou mais anos. A Igreja é mais generosa, com a idade de 75 anos para seus pastores: diáconos, padres,  bispos e até mesmo cardeais.

MAS A VIDA não termina nesta idade. A pergunta é: que fazer depois? Um sábio resumiu essa fase da vida: “ingressar na condição de tranqüilidade”. Isso por si não satisfaz. A vida é, por natureza, atividade.  Por isso, falar de “inativos” para classificar os aposentados, não corresponde à realidade humana. Enquanto alguém vive é necessariamente ativo. Age de alguma forma. O problema é que muitos aposentados não sabem o que fazer.

A NATUREZA aponta na família a solução deste espinhoso problema. É ser promovido a avô e avó, sem a responsabilidade administrativa, que compete aos pais. Assim, o bispo emérito, ao deixar a administração ou o governo pastoral da Diocese, ingressa na condição de avô da Diocese. Sua função  é mais livre, tranquila, sem a responsabilidade de resolver problemas administrativos e disciplinares. Isto não significa não fazer nada. É a época de ter mais tempo para escutar e servir a todos, meditar a palavra de Deus e preparar-se para a eternidade.

É BOM SER EMÉRITO, com a consciência do dever cumprido. Somente viver! Vai desaparecendo a dimensão efetiva da vida, com sua dispersão em inúmeras atividades, para ressaltar a dimensão afetiva. É bom estar juntos e conviver, sem a necessidade de resolver nada. Agir como os torcedores de futebol. Mas, acima de tudo, poder usufruir a vida simplesmente pela vida, como pura graça e presente de Deus.