Obesidade e fome

10 de julho de 2011 \\ O Bispo

Não há, em todo o Brasil, nenhum estado com mais miseráveis que a Bahia. Esse amargo título foi constatado por dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010. De acordo com o Instituto, 2,4 milhões de baianos, ou 17,7% da população do estado, vivem com uma renda mensal per capita de até R$ 70,00. Isso significa que nada menos que 14,8% dos miseráveis do país estão na Bahia.
O ECONOMISTA britânico Thomas Malthus (1766-1834) foi o primeiro a notar com clareza a desproporção entre o crescimento populacional e a produção de alimentos. A teoria malthusiana aponta uma única solução: limitar a natalidade, pois não há pão suficiente. Algumas realidades ainda não estavam evidentes no horizonte do seu tempo.
A PRODUÇÃO de alimentos, catapultada pela biotecnologia e por avanços tecnológicos, deu um salto em quantidade. Já a população mundial, depois de dois séculos, tende a decrescer, porém a fome não diminuiu. Malthus não poderia imaginar a contradição entre populações famintas e populações superalimentadas. Muitos se alimentam mal, por falta de comida, outros pelo excesso e má escolha dos alimentos.
LEVANTAMENTO recente do Ministério da Saúde revela que boa parte da população adulta do Brasil está acima do peso. Estão nesta categoria 48,1% dos brasileiros. Por outro lado, a obesidade atinge nada menos de 15% da população. E a tendência é de crescimento. Há cinco  anos, 42,7% estavam acima do peso e os obesos somavam 11,4%.
A OBSEDIDADE – hoje caracterizada como verdadeira doença – é conseqüência da baixa ingestão de alimentos saudáveis, como frutas, legumes, verduras, e do uso excessivo de produtos industrializados, com elevado teor de calorias, gorduras e açúcares. Elemento  complicador é o sedentarismo, isto é, os baixos níveis de atividades físicas.
ISTO SIGNIFICA um duro golpe para a qualidade de vida e as conquistas científicas em favor do ser humano acabam neutralizadas pelos péssimos hábitos alimentares e pelo sedentarismo. Mahatma Gandhi, morto em 1948, já advertia: “Há riqueza bastante no mundo para as necessidades do homem, mas não para sua ganância”.
JESUS nos ensina ir contra a lógica do acúmulo, dos que pensam ser preciso primeiro juntar riquezas para depois dividi-las. Jesus propõe uma economia solidária de partilha. E isso começa dentro de nós, em nossa consciência, nas pequenas comunidades, nas associações de bairro.