Caneta Afiada

Caneta Afiada

Sandro Penelú

Tudo é lindo. Nós que complicamos

22 de abril de 2022 \\ Caneta Afiada

Tudo é lindo. Nós que complicamos
O ser humano, por se tratar de um organismo complexo, dinâmico e imprevisível, destoa da Natureza (que é praticamente perfeita) como se fora um autêntico estranho dentro dela. Não nos conformamos com apenas depredar a nossa magnífica casa, batizada de planeta Terra, e passamos a causar o sofrimento aos próprios semelhantes, como um eterno exercitar dos nossos mais fúteis e insondáveis sentimentos mesquinhos. 
Quando digo que “tudo é lindo”, faço-o com palavras adocicadas por nobres sentimentos, vazados de um peito que sabe, e muito, valorizar cada centímetro do imensurável tamanho da vida. 
A lindeza das coisas (e até das pessoas) não nos pede permissão nem licença. Elas simplesmente existem e são sublimes. Quando uma mãe oferece ao filho o peito, carregado de amor e leite, pratica um dos atos mais divinos da Natureza. 
Quem ficaria insensível ao canto eterno do mar, que corteja sua namorada, a praia, roubando-lhe beijos molhados e cheios de paixão? 
Quantos já pararam para ver a lindeza de um homem que labuta de sol a sol, seja em que profissão for, com o objetivo de criar a sua prole, que já lhe é linda só por existir? 
Quem seria capaz de bater a porta na emoção que chega ao contemplar toda a beleza daqueles que estão na fase madura da existência, ensinando-nos muitas vezes com apenas um gesto ou um olhar? 
Quem nunca sentiu escoar lágrimas de júbilo e agradecimento ao fitar pais, avós, tios, irmãos, filhos, esposa, enfim, a família que nos foi dada pelo Criador para que pudéssemos exercitar nossos mais nobres pendores?
Sim, tudo é lindo. Nós é que complicamos. Quanta gente no mundo precisa ouvir estas palavras! Quantos seres humanos precisam saber o quanto a vida é bela e que a felicidade não está lá fora, porém dentro de cada um de nós.
Ninguém fará mal a ninguém, senão a si mesmo. Os que se deleitam na criminalidade, seja em que camada for da sociedade, estão afundando o barco da própria existência. Carregam suas consciências já esfaceladas e convivem durante toda a vida com o fantasma da desconfiança, do medo e do remorso. Esses são os complicadores da beleza da vida e, aos poucos, vão sendo excluídos dela, das formas mais sutis e penosas possíveis. Enquanto isso, a vida segue a passos firmes e sadios, abraçada à Natureza, tocando os corações dos homens sensíveis e de boa vontade, denunciando a cada momento a sua majestade e beleza eternas.
Tudo é lindo. Basta termos os olhos abertos para essa beleza.