• Cremeb critica distribuição de médicos: 'Remendos que não resolvem problema'

Cremeb critica distribuição de médicos: 'Remendos que não resolvem problema'

24 de março de 2018 \\ Geral

Para cada mil habitantes da Bahia, existe uma média de 1,35 médicos: são 20.708 profissionais para uma população de 15,3 milhões (clique aqui). O número é 38% inferior à taxa nacional de 2,18 profissionais por mil habitantes, de acordo a pesquisa Demografia Médica 2018, realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com o apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM) e do Conselho Regional de Medicina de São Paulo. Para o vice-presidente do Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb), Júlio Braga, a diferença observada entre os estados está relacionada às condições de trabalho oferecidas pelo Estado aos profissionais. Os dados mostraram também que, apesar do crescimento no número de médicos no país (veja aqui), o interior da maioria dos estados ainda registra escassez de profissionais. "A principal dificuldade [para mudança neste cenário] é a ausência de programas para interiorizar os médicos. A maior parte da população brasileira é dependente do SUS exclusivamente, e o SUS está na mão do governo. Até hoje não criaram um plano efetivo de como interiorizar os médicos. O próprio programa Mais Médicos é temporário e feito de forma apressada, sem discussão, sem preparo para o que vai se seguir. O que a gente vê são remendos que não resolvem o problema estrutural", avaliou Braga, em entrevista ao Bahia Notícias. "Isso não é só para o médico, todos os profissionais, todas as áreas de atuação, a maioria se concentra nos centros maiores, que têm melhor estrutura, remuneração, melhor condição de trabalho. É preciso ter um plano". O vice-presidente do Cremeb explicou que é necessário melhor estrutura e melhores pagamentos para que os profissionais tenham interesse em trabalhar nos municípios do interior. "Que ele possa fazer isso como uma forma temporária de trabalho e, depois, transferir seu vínculo para uma cidade maior", acrescentou Braga. De acordo com o profissional, países como Canadá e Austrália estabelecem um período mínimo para que médicos cumpram em cidades menores e, posteriormente, os profissionais podem mudar de município. Outra estratégia citada como exemplo é a possibilidade de trabalho por 15 dias em áreas isoladas, com equipes alternadas. O aumento dos médicos registrado na Demografia Médica 2018 também foi avaliado por Braga como algo que merece atenção redobrada. Ele apontou que há um "crescimento desenfreado de faculdades de Medicina", o que deve ser visto com cautela, devido à frequente preocupação com a qualidade de ensino. Ele acredita que é imprescindível uma maior fiscalização por parte do Ministério da Educação e defende a criação de uma avaliação dos profissionais recém-formados. "Em geral, a gente é favorável que exista uma avaliação do médico, mas não pode ser somente do profissional. É preciso fiscalizar a instituição que, eventualmente, forma mal, apenas por interesses políticos. Essa faculdade precisa ser fiscalizada. Do jeito que foi feita a abertura de escolas, a gente imagina que não vai haver fiscalização ou o descredenciamento de instituições que formem mal", criticou. BN

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
Geral.