Para educação, 2015 foi perdido

11 de janeiro de 2016 \\ Osmando Barbosa

Para educação,

2015 foi perdido


O Brasil começou o primeiro dia de 2015 com um novo mote: “pátria educadora”. Mas este foi, na verdade, um ano perdido na educação. Mesmo assim, dias depois do anúncio o governo federal cortava 1/3 da verba do MEC, sem consulta à comunidade de professores e cientistas e sem aviso prévio, medida autoritária que deixou em cheque a Capes, assim como todas as universidades federais, centros de pesquisa, colégios técnicos e outras instituições de ensino.

Com três ministros num ano só, corte de R$ 9,4 bilhões no orçamento, greve de cinco meses nas universidades federais, cancelamento das visitas de avaliação do MEC aos cursos superiores e apatia na implementação do Plano Nacional de Educação (PNE), pouca coisa se mexeu na educação brasileira.

Os cortes do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) fizeram pairar a insegurança sobre o sonho de milhões de estudantes. O Pronatec, reduzido à metade e autodeclarado ineficiente pelo próprio governo, já que não tem impacto na empregabilidade dos estudantes, acabou se tornando um programa com finalidade mais política do que técnica.

Em julho, a coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, instituição ligada ao Ministério da Educação (MEC),comunicou a redução em 75% no repasse do Programa de Apoio à Pós-Graduação (PROAP).

Com os recursos do PROAP, são pagas passagens de professores externos para examinar bancas de mestrado e doutorado, passagens para alunos e docentes participarem de Congressos, tradução de artigos e manutenção de equipamentos, entre outros. O corte em seu orçamento impossibilita a mobilidade de pesquisadores, a divulgação científica e as demandas assumidas pelos programas de Pós-Graduação no sentido de ofertar melhores condições de pesquisa aos pós-graduandos.

Enquanto isso, o programa Ciência sem Fronteiras foi praticamente extinto, reduzido apenas à manutenção dos alunos que já estão no exterior e com data definida para ser “congelado”.

A meta número 1 do PNE era universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para crianças de quatro a cinco anos de idade. Porém, os R$ 3,4 bilhões destinados a construir creches foram cortados.

No último Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), computado em 2013, o estado brasileiro mais bem colocado, Goiás, ficou com nota 3,8 no ensino médio, numa lista alarmante que chega até os 2,6 de Alagoas, na lanterna.

Este mês, as escolas brasileiras fazem outra vez a Prova Brasil – para gerar novo Ideb. Tendo sido este o ano que foi para a educação, ninguém poderá ficar surpreso se, no próximo resultado, e também nos rankings internacionais, a coisa continuar estagnada.

Apesar de tudo, feliz 2016 a todos! E que Deus ajude este cambaleante país a ter um ano melhor, principalmente na saúde, economia, educação e segurança.