A CHAVE DA FELLICIDADE

28 de janeiro de 2014 \\ O Bispo

O pequeno avião avançava em meio à noite. Lá embaixo se sucediam montanhas, rios, florestas e pequenas cidades. De repente caíram os sistemas de comunicação e orientação da rota, o painel de controle apagou-se. O avião voava às cegas. Piloto e engenheiro de vôo tentaram, inutilmente, consertar o defeito. Já em pânico pediram à aeromoça que procurasse descobrir se havia, entre os passageiros, um técnico em eletrônica. Não havia.
 
OS PASSAGEIROS perceberam que algo de errado estava acontecendo. Após minutos de ansiedade, uma passageira entrou na cabine de comando. Diga-me qual é o problema, talvez eu possa ajudar, explicou a passageira. Com calma ela insistiu: qual é o problema? Você não vê? Nosso instrumento parou de funcionar, não sabemos onde estamos, nem para onde vamos.
 
EU POSSO ajudá-lo, garantiu com convicção a passageira. Sei de uma coisa que nunca falha. Nunca falhou no passado e nunca vai falhar no futuro. Mostra-me o mapa da rota, o ponto de partida e o nosso destino. As estrelas serão nosso guia. Ela era astrônoma e conhecia o caminho das estrelas. Sentou ao lado do piloto e com os olhos fixos no céu, orientou o vôo que prosseguiu sem problemas e, algum tempo depois, anunciou que  estavam salvos.
 
NOSSA civilização colocou todas as suas certezas no progresso e na técnica. A euforia é substituída pelo pesadelo quando os apagões revelam uma caminhada sem rumo. E nesse impasse não aparecem salvadores confiáveis. É um vôo no escuro, sem indicações seguras do lugar e do destino, um vôo em direção à catástrofe.
 
A CIÊNCIA, a técnica e a informática não têm a chave da felicidade. Precisamos de pessoas que estudem os céus e contemplem as realidades divinas. Já a mãe dos Macabeus exortava a um dos filhos em meio às dificuldades: Meu filho, olha para o céu! (2Mc 7,28). Na Bíblia, encontramos: A Terra é o caminho, o Céu é o destino.
 
CERTA mentalidade moderna pensa que Deus interfere em nossa busca de felicidade. A semelhança do Filho Pródigo, queremos ser felizes sozinhos. E, de repente, nos descobrimos no país das trevas e  da solidão.  Aí  sentimos a saudade da casa do Pai. E os braços do Pai estão sempre abertos para seus filhos e filhas. É preciso, algumas vezes, esquecer o painel eletrônico e olhar para as estrelas.
 
Itamar Vian
Arcebispo Metropolitano