Sentimento de inveja
A inveja pode ser
entendida como uma tristeza, um ressentimento pelos dons materiais e
espirituais concedidos por Deus a uma pessoa. Designa a tristeza sentida diante
do bem do outro. O personagem bíblico Caim é sempre lembrado como exemplo de
inveja, pois matou seu irmão Abel (Gn 4).
A INVEJA não suporta o sucesso dos outros e não se
conforma em ver alguém melhor do que ele mesmo. Está sempre com pessoas
soberbas, que querem ser melhores do que as outras em tudo. São pessoas
inseguras, fracassadas ou revoltadas, que, não conseguindo o sucesso das
outras, ficam corroídas de inveja e desejando-lhes o mal. A inveja tem como
filhas a competição egoísta, o ódio e a murmuração.
O SENTIMENTO de inveja é uma das
armadilhas em que a humanidade caiu, pois nos faz sofrer gratuitamente ao
testemunhar o êxito do próximo. Quanto mais se descuida do próprio jardim para
observar o jardim alheio, mais o nosso quintal enche de sujeira.
CUIDAR do próprio jardim é
descobrir a si mesmo. O conhecimento pessoal cura a inveja, pois existem
diversos dons e capacidades que podemos aflorar. Saber que fomos brindados com
a graça divina nos torna capazes de doar o que temos e, simultaneamente, nos
reveste humildade para pedir favores àqueles que possuem o que não temos. Assim
fomos criados: para suprir a necessidade um do outro e nos solidarizar em meio
ás controvérsias e alegrias cotidianas.
FRANCISCO Faus escreve: “A
caridade não é interesseira, a inveja só procura tirar vantagem de tudo e de
todos. A caridade não se irrita, nem guarda rancor, ao passo que a inveja
cultiva o ressentimento e chega a convertê-lo em ódio. A caridade não se alegra
na injustiça, mas compraz-se na verdade, a inveja alegra-se com mal alheio e lança mão da
calúnia. A caridade tudo desculpa, a inveja tudo critica, tudo julga e condena.
A caridade tudo tolera, o invejoso não suporta nem aos outros nem a si mesmo”.
ATÉ MESMO Jesus foi invejado por
sua solidariedade diante do sofrimento humano, pela atração que exercia nas
multidões empobrecidas, pela quantidade de fiéis que o seguiam e por sua
relação com Deus, a quem chamava de Pai. A inveja foi um dos estímulos que
motivou os arrogantes a entregarem Jesus a seus executores (Mt 27,18;Mc 15,10).
Assim como o Jesus, os apóstolos também foram invejados (At 5,17), e os
invejosos dificultaram a vida daqueles que pregavam os ensinamentos do Mestre.