Família e internet
Em um domingo destes, eu
estava almoçando em um restaurante e na mesa ao lado sentou uma família – um
casal com dois filhos adolescentes. Reparei que rapidamente todos se assentaram
e cada qual puxou do bolso um smartphone e começou a teclar. Só se deram conta
de ler o cardápio muito tempo depois e, logo que fizeram os pedidos, voltaram a
seus aparelhos, permanecendo envoltos em seus próprios mundos virtuais durante
toda a refeição.
QUEM já não se sentiu
perdido frente aos mais variados tipos de pedidos feitos pelas crianças quanto
ao acesso ás novas tecnologias: “Mãe,
compra um tablet pra mim? Todo mundo tem um!”; “Pai, quero jogar no
computador!”; “Vó, deixa eu ver um vídeo no Youtube?”. Isso além dons sons de
games vindos de seu celular e o mais preocupante: aquele silêncio em casa e no
restaurante!
TODOS esses pedidos são
sinais de uma nova realidade na qual, rapidamente, pais e responsáveis se vêem
inseridos. Mensurar o efeito do uso das novas tecnologias não é fácil, pois há
tanto benefícios como custos associados. Esta era eletrônica é, sem sombra de
dúvida, sedutora, pois veicula a informação a uma velocidade espantosa e aguça
a curiosidade das pessoas para quererem saber
sempre mais, inclusive saber mais detalhes da vida dos outros.
NÃO HÁ DÚVIDAS de que os meios de
comunicação são um grande avanço para a sociedade. Porém, o que percebemos é o
isolamento das pessoas. O diálogo é substituído pela novela ou programa de TV;
o encontro não é mais pessoal, mas se dá virtualmente, pela internet ou
celular. Existe o lado bom e necessário
das tecnologias, mas não podemos ser escravos delas.
DE QUE FORMA esse modelo
interacional virtual pos-moderno afeta os relacionamentos familiares? Por que
existe a necessidade de tanta informação superficial em tempos quase
instantâneos? Por que existe a necessidade de exposição de detalhes da vida
pessoal para um público cada vez mais impessoal? É o desejo de se sentir amado e dizer a
todos: “eu existo”.
ESTAMOS na Semana Nacional da
Família. Boa oportunidade para pensar sobre o impacto da mídia – refiro-me a
todas as expressões midiáticas: redes sociais, internet, televisão – nos
relacionamentos familiares. Ontem, hoje e sempre as pessoas precisam pensar que
há limites e estes devem ser observados.