A violência vista por outro ângulo
A violência urbana
deixa-nos, a cada dia, mais e mais atordoados com um índice assustador de
assaltos, estupros, assassinatos e demais tipos de agressões.
No momento de um
assalto, o cérebro provoca reações no corpo, afetando órgãos vitais para a vida
humana. Se alguém lhe aborda com uma arma de fogo em punho, por exemplo,
anunciando um assalto, o medo de que o assaltante possa puxar o gatilho,
estimula o hipotálamo, região do cérebro que aciona o metabolismo e controla as
atividades involuntárias do organismo.
Uma mensagem corre
pela coluna vertebral e avisa às glândulas suprarrenais para carregar o
hormônio chamado adrenalina no sangue. Começa aí uma reação em cadeia.
A adrenalina prepara
o corpo e o cérebro para a possibilidade de fuga ou ataque. A respiração e os
batimentos cardíacos se aceleram e o metabolismo também fica mais rápido,
criando força e vigor para o momento decisivo.
O estômago e a
bexiga, tanto do assaltante quanto da vítima, se contraem, interrompendo
qualquer processo digestivo, que por ventura esteja em curso. O sangue corre
para os músculos voluntários (pernas e braços, principalmente) preparando uma
eventual reação.
O alarme químico
provoca vaso constrição na pele, deixando pálidas as personagens da cena. Os
dois passam a transpirar abundantemente. A voz do assaltante soa ríspida, suas
pupilas se dilatam e a boca de quem é assaltado fica seca.
A aceleração cardíaca
faz o sangue circular mais rápido e com isso os movimentos corporais ficam
bruscos. Os músculos saltam, prontos para a ação, devido ao aumento da taxa de
glicose. Se a quantidade de adrenalina liberada ultrapassar o nível normal, o
cérebro fica confuso, levando o indivíduo a reações pouco racionais, afetando
até a sua memória.
Só na cidade de São
Paulo, a cada duas horas cerca de trinta pessoas são assaltadas e duas morrem
em decorrência desse embate, por motivo de um dos dois lados ter se desesperado
e... uma arma é usada.
Mas, afinal, alguém
nasce violento ou é o ambiente que o deixa assim? Os cientistas trabalham duro na
busca de uma resposta. Em 2018, a análise do DNA dos integrantes de uma família
holandesa, na qual se registravam vários casos de conduta violenta, levou à
conclusão de que um defeito genético era o responsável pelos acessos de
violência.
Segundo um professor
do Departamento de Biologia da USP, a resposta estaria na interação entre essas
tendências genéticas e as influências do ambiente. Para um pesquisador da
Universidade de Massachusetts (EUA), o comportamento é cinquenta por cento
hereditário e cinquenta por cento ambiental.
Um médico italiano,
do início do século XX, foi o primeiro a falar sobre hereditariedade no
comportamento violento dos indivíduos. Ele inventou a antropometria, segundo a
qual, quanto maior a semelhança com um símio, mais próxima dele encontra-se a
pessoa. Para esse médico, cerca de quarenta por cento dos criminosos agem
segundo uma compulsão herdada. Os outros agem movidos por paixões ou perda de
controle. Segundo ainda a sua tese, os criminosos de nascença têm
insensibilidade à dor, dificuldade para ficarem envergonhados e possuem uma
visão bastante aguda.